Por que o amor é tão difícil?

quarta-feira, abril 06, 2016
Não é possível deixar de notar que a cada dia temos a nossa volta ou em nossa vida, algo que nos espanta em relação ao amor. Desde de relacionamentos de amizade e relações familiares aos casais que se formam e se dissolvem com uma velocidade que compete com a velocidade da luz. 

Mas será que temos uma resposta para isso? Seria possível entender o que acontece? Longe de encontrarmos a resposta nas situações e nas atitudes alheias, devemos redescobrir os níveis das interações humanas partindo de nós mesmos.

O que difere um animal de um ser humano é a capacidade de ter consciência. Muitos acreditam que a consciência é somente aquela vozinha que nos diz o certo e o errado, como o grilo amigo do Pinóquio, mas na verdade a consciência tem relação com conhecimento (lá no dicionário um dos significados de consciência é conhecimento). Quando conhecemos temos consciência e com ela compreendemos.

E para isso é preciso redescobrir que temos níveis de interação de uma relação humana: o físico, o emocional e o espiritual. No primeiro temos as interações visíveis de ação e reação, basicamente somos treinados e adaptados para esse nível. Já o segundo, o emocional, engloba claramente os aspectos emotivos e sentimentais das relações, temos normalmente contato com ele a todo tempo, no entanto, pouco nos aventuramos para compreendê-lo. E por fim, temos a espiritualidade, que é uma caminhada cotidiana, portanto devo dizer que cumprir os preceitos faz parte da espiritualidade, mas espiritualidade não é somente cumprir os preceitos sem ter consciência. Assim como também não é inteligente argumentar que os preceitos são pouco necessários, como se tornou comum atualmente.
 
Mas que relação tem isso com o amor e os relacionamentos? 

Tudo.

O fato é que quando nos relacionamentos com alguém, não podemos fazer uma dissecação do individuo. Nós temos que nos relacionar com ele em todos os níveis. 

No entanto, temos uma dificuldade atual: nós trabalhamos e conhecemos, muitas vezes, somente o nível físico (das atitudes e fala) e deixamos o restante sem desenvolvimento. E  devo dizer, é necessário olhar para si antes de olhar para o outro, logo, todos cometemos essa falta, escrevo isso, pois atualmente é comum que alguns usem isso (desenvolvimento), não para a sua própria mudança, mas para se “endeusar” se achando um anjo em meio a humanos inferiores e pouco desenvolvidos. 

Voltando ao tema, o que não é trabalhado, não se desenvolve. E é aí que podemos notar uma certa falta de sintonia (do SYNTONOS, “na mesma frequência de”, literalmente “estirado junto”, de SYNTEÍNEIN, formada por SYN-, “junto”, mais TEÍNEIN, “alongar, estirar”), entre os compõe do relacionamento. Nesse momento é que começam as dificuldades.

Já notou que, quando alguém faz algo ou esta irritada, todos percebem sem que ela fale? Longe de esoterismos, isso é simplesmente a capacidade que temos de notar quando algo esta ou não bem. Damos a isso o nome de percepção (Latim, PERCIPERE, “notar, compreender”, originalmente “pegar, agarrar com a mente”, de PER, “totalmente”, mais CAPERE, “pegar, agarrar”). Possuímos a percepção atrelada a cada nível de interação, no entanto, se o nível não esta trabalhado, logo temos um limiar baixo de percepção. Ou seja, a caracteristica esta lá, todo mundo com percepção é capaz de notar, mas como não a desenvolvemos não vemos.

Confirmamos esse ponto quando, num relacionamento, um dos integrantes nota algo peculiar que o outro não se atentou. Isso pode por um lado engrandecer ambos, quando estão determinados a ir na mesma direção, ou ser o motivo para o inicio das dificuldades, já que um deles com uma percepção baixa, não tem consciência e sem consciência não vê.

Por isso, redescobrir os níveis de interação e trabalhá-los, gerará uma mudança agradável e produtiva nos relacionamentos. Assim, o auto conhecimento nos trabalha fisicamente, emocionalmente, espiritualmente.

Todos falam para “cuidarmos do jardim”, no entanto, não contam que num jardim existem várias flores e plantas e que cada uma exige um cuidado particular e determinado. Assim é conosco, muitos acreditam que “cuidar do jardim” é se embelezar e isso pode até ser útil para os níveis fisicos e emocionais (este último parcialmente), mas e o restante?

Lembre-se um jardim bonito tem flores e para que as plantas floresçam é preciso que sejam cuidadas, adubadas, as ervas daninhas podadas e algumas plantas precisam de astes para que possam se manter firmes e em uma direção determinada, nem todos são autorizados a entrar no jardim e as pragas e parasitas devem ser combatidas e vencidas, pois acabam com a beleza do jardim e roubam o alimento das plantas.

Sim, são muitos cuidados, realmente. E assim como chamamos alguém mais competente para fazer algo quando não sabemos ou vamos ao encontro de alguém que nos possa ensinar, devemos, assim fazer, nesse caso.

Jesus é um ótimo jardineiro, sabia? Maria gosta muito de flores, também. Mas não vá achando que Ele vai fazer o trabalho sozinho, sempre digo e repito, Ele ensina a fazer da melhor forma o que é da nossa competência e faz o que não conseguimos.



Paz e bem.

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