Por que o amor é tão difícil?
Mas será que temos uma resposta para isso? Seria
possível entender o que acontece? Longe de encontrarmos a resposta nas
situações e nas atitudes alheias, devemos redescobrir os níveis das interações
humanas partindo de nós mesmos.
O que difere um animal de um ser humano é a
capacidade de ter consciência. Muitos acreditam que a consciência é somente
aquela vozinha que nos diz o certo e o errado, como o grilo amigo do Pinóquio,
mas na verdade a consciência tem relação com conhecimento (lá no dicionário um
dos significados de consciência é conhecimento). Quando conhecemos temos
consciência e com ela compreendemos.
E para isso é preciso redescobrir que temos níveis
de interação de uma relação humana: o físico, o emocional e o espiritual. No
primeiro temos as interações visíveis de ação e reação, basicamente somos
treinados e adaptados para esse nível. Já o segundo, o emocional, engloba
claramente os aspectos emotivos e sentimentais das relações, temos normalmente
contato com ele a todo tempo, no entanto, pouco nos aventuramos para
compreendê-lo. E por fim, temos a espiritualidade, que é uma caminhada
cotidiana, portanto devo dizer que cumprir os preceitos faz parte da espiritualidade, mas espiritualidade não é somente cumprir os preceitos sem
ter consciência. Assim como também não é inteligente argumentar que os
preceitos são pouco necessários, como se tornou comum atualmente.
Mas que
relação tem isso com o amor e os relacionamentos?
Tudo.
O fato é que quando nos relacionamentos com
alguém, não podemos fazer uma dissecação do individuo. Nós temos que nos
relacionar com ele em todos os níveis.
No entanto, temos uma dificuldade atual: nós
trabalhamos e conhecemos, muitas vezes, somente o nível físico (das atitudes e
fala) e deixamos o restante sem desenvolvimento. E devo dizer, é necessário olhar para si antes de olhar para o outro, logo,
todos cometemos essa falta, escrevo isso, pois atualmente é comum que alguns
usem isso (desenvolvimento), não para a sua própria mudança, mas para se
“endeusar” se achando um anjo em meio a humanos inferiores e pouco
desenvolvidos.
Voltando ao tema, o que não é trabalhado, não se
desenvolve. E é aí que podemos notar uma certa falta de sintonia (do SYNTONOS, “na mesma frequência de”, literalmente
“estirado junto”, de SYNTEÍNEIN, formada por SYN-, “junto”, mais TEÍNEIN,
“alongar, estirar”), entre os compõe do relacionamento. Nesse momento é que
começam as dificuldades.
Já notou que, quando alguém faz algo ou esta
irritada, todos percebem sem que ela fale? Longe de esoterismos, isso é
simplesmente a capacidade que temos de notar quando algo esta ou não bem. Damos
a isso o nome de percepção (Latim, PERCIPERE, “notar, compreender”,
originalmente “pegar, agarrar com a mente”, de PER, “totalmente”, mais CAPERE,
“pegar, agarrar”). Possuímos a percepção atrelada a cada nível de
interação, no entanto, se o nível não esta trabalhado, logo temos um limiar
baixo de percepção. Ou seja, a caracteristica esta lá, todo mundo com percepção
é capaz de notar, mas como não a desenvolvemos não vemos.
Confirmamos esse ponto quando, num relacionamento,
um dos integrantes nota algo peculiar que o outro não se atentou. Isso pode por
um lado engrandecer ambos, quando estão determinados a ir na mesma direção, ou
ser o motivo para o inicio das dificuldades, já que um deles com uma percepção
baixa, não tem consciência e sem consciência não vê.
Por isso, redescobrir os níveis de interação e
trabalhá-los, gerará uma mudança agradável e produtiva nos relacionamentos.
Assim, o auto conhecimento nos trabalha fisicamente, emocionalmente,
espiritualmente.
Todos falam para “cuidarmos do jardim”, no
entanto, não contam que num jardim existem várias flores e plantas e que cada
uma exige um cuidado particular e determinado. Assim é conosco, muitos
acreditam que “cuidar do jardim” é se embelezar e isso pode até ser útil para
os níveis fisicos e emocionais (este último parcialmente), mas e o restante?
Lembre-se um jardim bonito tem flores e para que
as plantas floresçam é preciso que sejam cuidadas, adubadas, as ervas daninhas
podadas e algumas plantas precisam de astes para que possam se manter firmes e
em uma direção determinada, nem todos são autorizados a entrar no jardim e as
pragas e parasitas devem ser combatidas e vencidas, pois acabam com a beleza do
jardim e roubam o alimento das plantas.
Sim, são muitos cuidados, realmente. E assim como
chamamos alguém mais competente para fazer algo quando não sabemos ou vamos ao
encontro de alguém que nos possa ensinar, devemos, assim fazer, nesse caso.
Jesus é um ótimo jardineiro, sabia? Maria gosta
muito de flores, também. Mas não vá achando que Ele vai fazer o trabalho
sozinho, sempre digo e repito, Ele ensina a fazer da melhor forma o que é da
nossa competência e faz o que não conseguimos.
Paz e bem.
Por: Ana Paula Barros
Nenhum comentário: